O alvorecer
Roberta Cruz
Jornalista
Passaram três pássaros
ao meu lado, eles se entreolharam e ao meu olhar sorriram translúcidos avistando
o caminho de instantes enigmáticos da vida consciente de amor. A mágica está evidente
entre o Ser que rege toda nossa gente e guia nossas pequenas falhas e o entendimento
do prazer de ser e confiar no ar que respinga pingos de sabedoria no silêncio
das nossas forças, para o homem entender a contar seus passos ao infinito.
Somos assim, pedacinhos
de um nada em tempo de saberes, com longos turnos de indagações. Propositadamente,
surgem dúvidas e nas nossas cicatrizes afirmamos certezas querendo destrinchar o
saber do Uno, quando do contrário, nossas oscilações freqüentes são tempos para
agirmos sobre nós, com dor ou com fome, mas aceitando o que somos dentro do que
temos.
Realmente, o valor do ser são cores de formas
sensíveis, no conter e aceitar de tudo que se expressa. Seja acordando
dispostos ou sonhando revelações, somos compostos de um escudo imaginário, fantasias
de fatos ao elogio de cada passo dado em confirmações de grandiosidade no
intimo de cada parte do que formamos.
Nada mesmo se faz de
sons gritantes, a pintura do homem borra o desenho porque sua capacidade
concreta é invisível ao toque dos anjos, que falam ao coração e não aos
desenhos magnânimos do ego humano. Material incompleto desde tempos remotos,
nossa receita não sai agradável ao espelho da perfeição, mas vai seguindo sua
rota, firme nos sentimentos para a inovação das mentes, num tempo que não pára
no importante inconsciente do nosso sentir e querer constante.
Compostos de carne e
sangue lutamos e voamos em sonhos para construir num mundo de alvoreceres, a
forma mais correta de entendermos como estamos agindo. Uma forma de aprender
seja na fé seja na força, que uma voz invisível nos chama, para a consciência
do perdão, descobrindo o amor a tudo e todos, tendo o lado da paz, um tempo
novo, já sem a violência do elemento fogo, mas próximo ao ar limpo do homem
novo das impurezas que lhe corrompe.
Seremos felizes quando no fim desse abismo de
diferenças aceitarmos com humildade o justo da igualdade de que tanto merecemos.
Justiça, força e moral, não serão assuntos judiciais, mas estarão escritas no
coração e nas faces dos homens, que com sua coragem aprenderão a pedir perdão e
olhar ao alto, tocando o chão não mais para lamentações, mas para a colheita da
nova era. Bem vinda terra nova que se desenvolve entre choros e rezas, mas
certa de que agora é hora de ser completa!